quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

COM AS MÃOS NO ARADO.

Jesus caminhava com algumas pessoas em direção à Jerusalém, visto estar próxima a Sua assunção. Já havia enviado uns mensageiros adiante de si para preparar um lugar para que eles pousassem. Mas estes não foram bem recebidos pelos samaritanos, porque perceberam que eram judeus e não ficariam ali, estavam apenas de passagem para Jerusalém. Tiago e João, não gostaram nada daquilo e queriam dar uma de Elias, fazendo descer fogo do céu e consumir aos samaritanos que lhes negaram pousada. Jesus lhes repreendeu duramente mostrando a eles que o Filho do homem não veio destruir ninguém e sim salvar. Não deu certo ali, vamos para outra aldeia, Afinal eles estavam indo; a vida é assim.
Era basicamente isto que Jesus queria que eles entendessem. Ao longo dessa caminhada, passando por povoados de pequenos grupos de pessoas que era também chamado de aldeias, vendo Jesus que muitos diziam dispostos a seguir-Lhe, porém, sem nenhuma disposição real para isto; como por exemplo um escriba que o abordou dizendo que o seguiria para onde quer que Jesus fosse; a outro que o próprio Jesus convocou para segui-Lo, e ele veio com algumas desculpas de esperar por um tempo, até que seu pai morresse, porque ele precisava sepultá-lo; outro se propôs a seguir a Jesus, porém, queria voltar à sua casa para se despedir da família; cada um com sua desculpa. Diante de tudo aquilo o Senhor disse: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.” Lc. 9:62.
 Hoje em dia são poucas as pessoas que param para entender o que significava “arado”. Primeiro porque não tem noção de como era o arado na época de Jesus. As coisas do campo mudaram muitíssimo com a tecnologia, logicamente. O arado de hoje não tem nada a ver com o arado daquela época.  Hoje, na agricultura tudo é mecanizado, e tudo da mais alta tecnologia. Quando lembramos de arado hoje já vem em nossa mente esses arados puxados por grandes tratores traçados, cabinado, com ar condicionado, direção hidráulica e muito conforto. Hoje os arados não só fazem sulcos. Eles reviram a terra muito bem, quebra os torrões, e mistura com muita facilidade.
Na época de Jesus, a ideia que se tinha de arado era outra. Às vezes até mesmo um galho era usado como arado, que era puxado por cavalos ou bois, seguido por um lavrador que o sustentava em pé atrás. Às vezes se colocava uma pedra com ponta em um galho forte, ou numa raiz, com um peso em cima, para ser usado como arado que era puxado por um animal e empurrado por uma pessoa. Como hoje, porém, se tinha a mesma intenção de fazer um sulco o mais profundo possível e em linha reta, para que facilitasse na hora de tirar as ervas daninhas que nasciam no meio das plantas. Era imprescindível que fosse feito com o máximo de atenção possível, sem preocupação com outra coisa a não ser o próprio trabalho de arar a terra.
 Arar em linha reta requeria primeiro, coragem para enfrentar o sol quente, muita vontade, força, empenho, paciência, atenção, cuidado e amor para com a terra e para com o animal. O lavrador ou agricultor que estava arando a terra estava ali atento, pensando no dia em que fosse semear a melhor semente, pensando nas chuvas e em fazer uma boa colheita ao final. Se olhasse para trás, com certeza iria perder tempo tendo que consertar o sulco que, com certeza ficaria torto ou raso; a força era necessária porque o lavrador tinha também que forçar para baixo o arado, a fim de fazer um rego o mais fundo possível. Olhando para trás, perderia a concentração e a força, criando assim um sulco ou um rego torto e raso.  
Jesus está falando exatamente de se estar atento na obra de ser discípulo. Aqueles que foram chamados como vemos nos textos, tanto de Mateus, quanto de Lucas, era para serem discípulos do Senhor. Para ser discípulo é necessário ser apto, capaz, competente, corajoso, forte, atento e amoroso, acima de tudo. Às vezes muitas pessoas, na qualidade de discípulos do Senhor, vivem a olhar para trás, esquecendo-se do prejuízo que terão em ter que consertar alguns sulcos, ou mesmo de andar sem estar exatamente arando. Quando chega o momento de jogar a semente, não tem um sulco onde ela possa cair e ficar sob a terra para que nasça e frutifique.  Olhar para trás é sinônimo de prejuízo, fatalmente. Isto em toda a nossa vida e em vários aspectos dela.

Quando olhamos para trás na obra do Senhor, corremos risco de errar naquilo que estamos fazendo. Precisamos estar com os olhos fitos, olhando para Jesus, o autor e consumador da fé. O fato de olharmos para trás, indica que há algo que está chamando mais a atenção nossa do que o que estamos realmente fazendo.
Abraão foi chamado par sair da sua terra, do meio da sua parentela para uma terra que o Senhor mostraria, ele simplesmente o fez. “pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus”, Hb. 11:10. Não ficou nenhum pouco preocupado com o que iria ficar para trás. A meta era aquela terra que Deus havia prometido. Seus objetivos, sua meta estavam á frente.

Quando Ló e sua família foram tirados de Sodoma, eles foram ordenados pelos dois anjos que foram libertá-los a não olharem para trás nem pararem nas campinas. “E aconteceu que, tirando-os fora, disse: Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti, e não pares em toda a campina; escapa lá para o monte, para que não pereças. E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal.”. Gn. 19:17,26.  
A mulher de Ló, ao olhar para trás, não pensou na terrível consequência que ela iria causar a sua família pelo resto da vida. Eu fico imaginando, com  a vontade que ela estava de olhar para trás, com certeza ela estava olhando já para os lados, de “rabo de olho”, a muito tempo. Até que, não resistindo, olhou para trás. O resultado desastroso desta desobediência sobreveio sobre suas duas filhas; por se sentirem sozinhas e sem a presença da mãe, decidiram embebedar o pai na caverna, dando-lhe vinho para beber. Tiveram relações sexuais com ele, conceberam e deram a luz a Amon e Moabe, sucessivamente. Cometeram um insexto, que é uma coisa que Deus proíbe em Sua Palavra. Lv. 18.
O Apóstolo Pedro, quando estava andando sobre as águas com Jesus, começou a se afundar porque obervou a força do vento em sua volta. Ele desviou o olhar de Jesus e viu as dificuldades que lhe rodeavam. Viu as ondas, provavelmente começou a imaginar o quanto teria de profundidade naquele lugar, a distância da praia, os animais que pudessem apanhá-lo se ele se afundasse, enfim...  “Reparando, porém, na força do vento, teve medo e começou a submergir”... Mt. 14:30. O propósito de Pedro era ir até Jesus. Foi isto que ele havia pedido. “Manda-me ir ter contigo por cima das águas”. Quando Cristo é o objetivo principal na vida do crente, ele segue a caminhada olhando firmemente para Ele. Paulo diz: “uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo..” Fp. 3:13,14. Quando deixamos de fixar no Alvo, tendemos a lembrar das coisas em volta e termos medo.
Todos os que têm Cristo Jesus como meta, estão com as mãos no arado.  Vamos olhar para frente e esquecer- nos das coisas que passam ao nosso redor ou das que ficaram e estão ficando. Quando vemos que coisas estão ficando, isso quer dizer que estamos prosseguindo adiante. Muitas coisas vão ficar mesmo. Se alguma coisa tem que ficar, que sejam as supérfluas e não as necessárias. Cuidemos do arado, sustentando-o em pé; coloquemos a força que seja necessária, façamos um sulco suficientemente bom, isto é fundo e reto o suficiente para receber a semente que é a Palavra de Deus para que ela nasça, cresça e produza bons frutos na terra.

Grande abraço.

 

Um comentário:

Ivon Pereira da Silva disse...

Amado irmão, mais um artigo onde podemos tirar ótimas lições para nossas vidas.