domingo, 24 de junho de 2007

Oliver Chandler

Nosso querido irmão Oliver Chandler, viúvo de Elizabeth, nos deixou no dia 14 de maio, para ocupar sua morada com o Senhor.
Oliver, que era argentino (e Elizabeth, canadense), foi, em seus dias, grandemente usado pelo Senhor em seu próprio país, mas ainda mais em seu país adotivo – o Paraguai. Seus últimos anos foram passados no Canadá, aos cuidados de seus filhos Richard e Martha. Martha é esposa, mãe e avó, mas Richard permaneceu solteiro, dedicando-se nesses últimos anos ao cuidado esmerado do seu pai.
Na foto, vemos os três, quando, no mês de Dezembro do ano passado, celebraram seu último aniversário – noventa e dois!- Jaime van Heiningen.

Richard comunicou-se com o irmão Jaime em inglês, mas suas palavras seguem abaixo, traduzidas para o português por Esther Yamamoto Rees. -

Amados em Cristo,
Peço perdão por minha dificuldade em expressar-me em espanhol, não tendo falado ou escrito neste idioma durante os últimos 45 anos.
Notadamente, nas últimas semanas, papai vinha se debilitando. Quando chegou a um ponto crítico, me dei conta de que daqui em diante seria impossível ajudar-lhe adequadamente, nem com uma assistência social maior do que a que ele já estava recebendo. Era hora de deixá-lo aos cuidados de mãos mais competentes.
Isso significou admiti-lo ao hospital local, como parte de um processo de transferi-lo para uma casa de idosos com cuidados especializados. Parecia estar melhorando, mas quando fui vê-lo, cedo na manhã do dia 9 de maio, era evidente que tinha havido uma mudança para pior. Ele estava incapacitado de falar e comer, nem reagia a minha presença. A partir daí, os médicos só administraram cuidados paliativos, mantendo-o confortável.
Sua saúde deteriorou-se rapidamente. Hoje à tarde (dia 14), Martha e eu deixamo-lo por pouco tempo para ir a casa e comer alguma coisa, mas o telefone tocou e uma enfermeira nos avisou que papai já tinha ido.
Quando mamãe se foi, estivemos com ela no momento em que o Senhor a levou consigo. Para papai, o Senhor havia feito outro “acerto”. Ninguém deveria causar nenhuma distração para papai no momento mais glorioso de sua vida.
A hora e o processo da morte não são assuntos prazerosos, mas papai não tinha medo da morte, nem do que estava além dela. Lembro-me de uma conversa que tivemos faz um ano – quando lhe perguntei sobre esse momento final, próximo à morte, que todos temos que enfrentar.
Nesse tempo ele já tinha uma verdadeira dificuldade em manter uma conversa, porque não conseguir entender o sentido das minhas palavras. Apesar disso, nessa ocasião, sua mente tornou-se lúcida e clara. Quando lhe perguntei, “Papai, não tens medo da morte?”, ele olhou-me com um sorriso radiante. Poucas vezes, Martha e eu sequer vimos esse olhar em seu rosto. Eu sabia que indicava regozijo puro.
Respondeu: “Oh, não, filho. É algo que tenho anelado por muito tempo já. Perguntei-lhe, “Mas papai, por que ter o desejo de morrer?”Olhou-me como se fosse a um lugar distante e disse: “Oh, filho, ali é onde começa a verdadeira existência.” E começou a contar-me algumas das coisas dessa vida, mas lá é que desfrutarão todos os que estão em Cristo por fé.
Logo, olhando-me de novo, disse: “Minha vida aqui tem sido muito abençoada. Tenho muito pelo qual estar agradecido.” Era pela graça de Deus que papai podia compreender as coisas desta maneira. Isso fez com que eu quisesse ainda mais estar a sua disposição nos dias de luta física e mental que ainda lhe faltavam.
Agradeço aos irmãos por comunicar essas notícias aos irmãos do Paraguai e aos de outros lugares – eles significavam tanto para ele. O coração de papai estava sempre “na Obra” e orava nesse sentido, até quando sua mente fraca já não lhe permitia orar por outros motivos.
Sustentado por SEU BRAÇO PODEROSO,
Richard.

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